A punção venosa é um dos procedimentos mais rotineiros e essenciais na prática clínica e hospitalar. Seja para coleta de sangue, administração de medicamentos ou hidratação venosa, dominar essa técnica é indispensável para enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos e outros profissionais da saúde. Mais do que inserir uma agulha em uma veia, a punção venosa exige conhecimento anatômico, habilidade técnica, sensibilidade e atenção ao bem-estar do paciente.
Neste artigo, vamos explorar as principais técnicas de punção venosa, suas indicações, cuidados necessários e dicas práticas para melhorar a eficácia e a segurança do procedimento.
O que é a Punção Venosa?
Punção venosa é o ato de introduzir uma agulha em uma veia com objetivos diversos, como coleta de sangue, infusão de medicamentos, reposição de fluidos ou instalação de acesso venoso contínuo (como cateter periférico ou central). O procedimento pode ser realizado em veias superficiais ou profundas, dependendo da necessidade clínica.
Tipos de Punção Venosa
1. Punção Venosa Periférica
É a mais comum e realizada em veias superficiais, geralmente dos membros superiores (dorso da mão, antebraço, fossa antecubital). É usada para infusões de curta duração ou coleta de sangue.
Locais mais comuns:
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Veia cefálica
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Veia basílica
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Veia mediana do antebraço
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Veias do dorso da mão
2. Punção Venosa Central
Neste caso, o cateter é introduzido em veias calibrosas (como a jugular interna, subclávia ou femoral), com a extremidade posicionada próximo ao átrio direito do coração. Utilizada em terapias de longa duração, hemodiálise, nutrição parenteral ou administração de drogas vasoativas.
3. Punção Venosa com Cateter Intravenoso
Aqui, após a punção inicial com agulha, um cateter flexível é inserido na veia e a agulha é retirada, permitindo infusão contínua sem a presença da agulha metálica.
Materiais Necessários
Antes de iniciar o procedimento, é essencial separar e organizar os materiais:
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Luvas de procedimento
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Garrote
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Álcool 70% ou clorexidina alcoólica
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Algodão ou gaze estéril
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Agulha (scalp, jelco ou cateter)
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Seringa ou sistema de coleta a vácuo
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Esparadrapo ou curativo adesivo
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Recipiente para descarte de material perfurocortante
Técnica de Punção Venosa Periférica
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Higienização das Mãos: Sempre comece com a higienização correta para evitar infecções.
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Identificação do Paciente: Confirme nome completo, data de nascimento e motivo do procedimento.
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Escolha do Local: Avalie as veias visíveis e palpáveis. Prefira veias retas, calibrosas, sem bifurcações próximas e que não estejam sobre articulações.
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Aplicação do Garrote: Posicione cerca de 5 a 10 cm acima do local escolhido, apenas o tempo necessário para dilatar a veia.
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Assepsia: Higienize o local com movimento único e circular com álcool 70% ou clorexidina.
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Punção: Introduza a agulha com o bisel voltado para cima, em ângulo de 15 a 30 graus. Ao visualizar retorno sanguíneo, avance suavemente e estabilize.
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Fixação do Acesso: Se for um cateter, remova a agulha-guia e fixe o cateter com curativo estéril e esparadrapo. Se for coleta de sangue, conecte ao tubo de coleta.
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Retirada do Garrote e Encerramento: Após estabilizar a punção, retire o garrote e finalize conforme a necessidade: iniciar infusão, coletar sangue ou apenas manter o acesso.
Dicas Práticas para melhorar o sucesso da punção
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Aqueça a pele: Em locais frios ou veias difíceis, aplicar compressa morna pode ajudar na dilatação.
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Peça ao paciente para abrir e fechar o punho: Isso estimula o retorno venoso e facilita a visualização.
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Evite múltiplas tentativas no mesmo ponto: Após duas tentativas frustradas, procure outro local ou peça ajuda.
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Utilize transiluminação ou dispositivos de visualização venosa: São especialmente úteis em pediatria ou em pacientes com veias profundas.
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Comunique-se com o paciente: A ansiedade pode contrair as veias. Explique o procedimento com calma.
Complicações possíveis
Mesmo sendo um procedimento simples, a punção venosa pode apresentar complicações:
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Hematoma: Quando ocorre extravasamento de sangue fora da veia.
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Flebite: Inflamação da parede venosa, comum em acessos prolongados.
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Extravasamento: Quando o fluido infundido sai da veia e infiltra o tecido subcutâneo.
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Infecção: Especialmente em acessos mantidos por tempo prolongado sem assepsia adequada.
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Lesão nervosa: Rara, mas pode acontecer se houver perfuração de nervos próximos à veia.
A prática leva à excelência. A punção venosa exige coordenação, sensibilidade tátil e visual, além de constante atualização sobre técnicas e materiais. Instituições de saúde devem investir em capacitação periódica de suas equipes, promovendo workshops, simulações e treinamentos em manequins.
A punção venosa é uma habilidade básica, mas crítica, que impacta diretamente na segurança e conforto do paciente. Conhecer a anatomia, dominar a técnica, manter a assepsia e se comunicar de forma clara com o paciente são os pilares para um procedimento eficaz. Com prática, atenção aos detalhes e atualização constante, qualquer profissional pode se tornar hábil nessa tarefa tão essencial à assistência em saúde.