Por que a Dipirona ainda gera polêmica

A dipirona, também conhecida como metamizol sódico, é um dos medicamentos mais usados no Brasil, presente em praticamente toda farmácia, seja pública ou privada. Popularmente conhecida como um remédio eficaz contra dores e febres, a dipirona é vista por muitos como uma “cura para tudo”. No entanto, apesar da sua popularidade por aqui, ela é proibida em diversos países. Isso levanta uma dúvida comum: afinal, a dipirona é segura ou não?

O que é Dipirona?

A dipirona é um fármaco pertencente à classe dos analgésicos e antipiréticos, ou seja, é indicada principalmente para combater a dor e reduzir a febre. Além disso, tem propriedades espasmolíticas (atua contra espasmos musculares), o que amplia seu uso para diversos tipos de dores, como cólicas menstruais, dores de dente, dores musculares, dores de cabeça e febre resistente a outros medicamentos.

Seu nome técnico é metamizol sódico, e ela pode ser encontrada em várias formas: comprimidos, gotas, supositórios e injetável. Entre os nomes comerciais mais conhecidos no Brasil estão o Novalgina, Magnopyrol e Anador.

Como a Dipirona funciona no corpo?

A dipirona age principalmente no sistema nervoso central, inibindo a ação de substâncias chamadas prostaglandinas, responsáveis pela sensação de dor e pelo aumento da temperatura corporal. Ao bloquear a produção dessas substâncias, a dipirona alivia a dor e reduz a febre.

Ela tem um início de ação rápido: quando ingerida por via oral, começa a fazer efeito geralmente entre 30 minutos a 1 hora, e sua ação pode durar de 4 a 6 horas, dependendo do organismo da pessoa.

Quando a Dipirona é indicada?

A dipirona é comumente utilizada para:

  • Dores de cabeça (incluindo enxaqueca leve a moderada)

  • Dores musculares e articulares

  • Dores pós-operatórias

  • Cólica renal ou menstrual

  • Febre alta que não responde a outros medicamentos

Ela costuma ser prescrita quando o paracetamol ou o ibuprofeno, por exemplo, não surtiram efeito.

Por Que a Dipirona é proibida em alguns países?

Apesar de ser amplamente utilizada em países como o Brasil, Rússia, México e Índia, a dipirona é proibida em vários outros, incluindo os Estados Unidos, Japão, Reino Unido e Suécia. O motivo principal dessa proibição é o risco embora raro de uma condição chamada agranulocitose.

A agranulocitose é uma reação adversa grave e potencialmente fatal, caracterizada por uma queda drástica dos glóbulos brancos no sangue, o que enfraquece o sistema imunológico e torna o organismo altamente vulnerável a infecções. A ligação entre o uso da dipirona e a agranulocitose foi identificada há décadas, o que levou à sua proibição em alguns países por precaução.

Entretanto, muitos estudos mostram que o risco de agranulocitose associado à dipirona é extremamente baixo, especialmente quando comparado ao número de pessoas que fazem uso do medicamento regularmente. No Brasil, a vigilância sanitária é feita pela Anvisa, que considera os benefícios da dipirona superiores aos seus riscos, motivo pelo qual o medicamento continua liberado para uso.

Dipirona é segura?

De forma geral, sim, principalmente quando usada corretamente, com indicação médica ou conforme a bula. Milhões de pessoas tomam dipirona todos os dias sem qualquer efeito colateral grave. Os efeitos adversos mais comuns são leves, como náuseas, dor de estômago e reações alérgicas cutâneas.

No entanto, pessoas com histórico de alergia a anti-inflamatórios, asma, ou doenças no sangue devem ter cuidado ao usar dipirona. Além disso, ela deve ser evitada por gestantes, especialmente nos primeiros e últimos trimestres, e por lactantes, a não ser sob orientação médica.

Uso infantil e injetável

A dipirona também é bastante usada em crianças, especialmente na forma de gotas. Apesar de ser eficaz e bem tolerada, é essencial seguir as doses recomendadas de acordo com o peso da criança. Em caso de febre persistente, é sempre recomendado consultar o pediatra antes de administrar qualquer medicamento.

Já a versão injetável da dipirona, muitas vezes utilizada em hospitais, oferece ação mais rápida, mas também tem maior risco de causar reações alérgicas severas. Por isso, seu uso deve ser restrito ao ambiente hospitalar ou sob supervisão médica.

Dipirona x Paracetamol x Ibuprofeno

A escolha entre dipirona, paracetamol e ibuprofeno depende do tipo de dor, da intensidade, e das condições de saúde do paciente. O paracetamol é mais indicado para febres e dores leves, com baixo risco de efeitos colaterais. Já o ibuprofeno tem ação anti-inflamatória, sendo útil para dores com processo inflamatório associado, como dores articulares.

A dipirona, por sua vez, costuma ser mais eficaz em dores de maior intensidade e em febres que não respondem aos demais medicamentos. Ela também costuma ser melhor tolerada por pessoas que têm problemas gástricos, já que, ao contrário do ibuprofeno, não causa irritação significativa no estômago.

O que achamos

A dipirona é um medicamento amplamente utilizado no Brasil e em vários outros países devido à sua eficácia, versatilidade e baixo custo. Apesar da polêmica internacional, a maior parte dos especialistas considera que, quando usada corretamente, a dipirona é segura e eficaz. Como todo medicamento, no entanto, seu uso deve ser feito com responsabilidade, evitando automedicação prolongada e sempre prestando atenção a possíveis reações adversas.

Se você costuma usar dipirona com frequência, vale conversar com um médico para entender se ela é realmente o melhor tratamento para o seu caso. No mais, mantenha o bom senso: nenhum medicamento, por mais comum que seja, está isento de riscos.

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