Se você já teve uma amigdalite, faringite, infecção de garganta ou outra infecção bacteriana e foi parar no posto de saúde, é bem provável que tenha ouvido uma palavra que causa calafrios em muita gente: bezentacil ou, mais precisamente, benzilpenicilina benzatina, o nome técnico dessa famosa injeção.
Essa medicação é temida não por sua eficácia (que, aliás, é excelente), mas porque está associada a uma das injeções mais doloridas da medicina. Mas por quê? Por que a bezentazil (como muita gente escreve ou fala de forma popular) dói tanto? E o que exatamente ela faz no nosso corpo?
Vamos entender melhor essa história.
O que é a bezentazil?
A bezentazil, ou benzilpenicilina benzatina, é um antibiótico derivado da penicilina. Ela pertence ao grupo dos beta-lactâmicos, que atuam destruindo a parede celular das bactérias, o que, em resumo, faz com que elas morram.
Diferente de outros antibióticos, como amoxicilina, que você toma por via oral em cápsulas ou xarope, a bezentazil é aplicada por injeção intramuscular profunda, geralmente nos glúteos. Isso já começa a explicar parte do problema.
Ela é usada principalmente no tratamento de infecções bacterianas como:
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Amigdalite bacteriana
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Faringite estreptocócica
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Sífilis (em suas várias fases)
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Febre reumática
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Erisipela
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Impetigo
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Profilaxia em pacientes com histórico de febre reumática ou infecções estreptocócicas frequentes
O grande diferencial da bezentazil é sua ação prolongada. Uma única aplicação pode manter o antibiótico ativo no organismo por até 3 semanas, liberando a substância lentamente na corrente sanguínea. Isso é excelente para pacientes que não conseguem manter um tratamento contínuo com comprimidos.
Por que ela dói tanto?
Aqui está a pergunta de um milhão de reais. E a resposta é uma combinação de fatores físicos e químicos.
1. A composição da fórmula
A bezentazil é formulada em uma base oleosa e espessa, quase pastosa. Isso significa que o líquido que entra no músculo não é fluido e leve como um soro é grosso, de difícil absorção e com maior pressão durante a aplicação. Isso causa dor tanto na hora de entrar quanto nas horas seguintes, enquanto o corpo tenta absorver aquele conteúdo.
2. Volume da aplicação
Geralmente, são aplicados de 2 a 4 mL da substância de uma vez só. Isso é muito, principalmente se for comparado a vacinas comuns, que usam menos de 1 mL. Quanto maior o volume, maior o estiramento das fibras musculares e, portanto, maior o desconforto.
3. Inflamação local
Por ser uma substância densa, a bezentazil pode causar uma pequena inflamação no local da aplicação. Isso não é uma infecção nem uma reação alérgica, mas uma resposta do organismo ao medicamento. Essa inflamação provoca dor muscular, inchaço e sensibilidade, sintomas que podem durar de algumas horas a alguns dias.
4. Aplicação inadequada
Infelizmente, a dor também pode ser agravada se a aplicação for feita de forma errada: agulha curta, má localização no músculo, velocidade incorreta de injeção… Tudo isso aumenta o sofrimento. Um profissional experiente faz toda a diferença aqui.
Como aliviar a dor da bezentazil?
Embora não seja possível eliminar totalmente a dor, algumas dicas ajudam a tornar a experiência menos traumática:
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Escolha um profissional experiente: Uma aplicação bem feita dói menos.
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Peça para aquecer levemente a ampola (em banho-maria ou com as mãos): isso ajuda a deixar o líquido um pouco mais fluido.
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Relaxe o músculo dos glúteos: quanto mais tenso você estiver, mais vai doer.
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Compressas mornas após a aplicação: ajudam na absorção e alívio da dor.
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Evite esforços físicos por algumas horas após a injeção.
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Em alguns casos, o profissional pode misturar lidocaína, um anestésico local, para reduzir o desconforto (mas isso depende do protocolo do serviço de saúde).
Vale a pena passar por isso?
Apesar da fama de “dolorosa”, a bezentazil salva vidas. É um dos antibióticos mais eficazes e acessíveis do mundo. Seu uso evita complicações sérias como febre reumática, doença cardíaca reumática, glomerulonefrite e até morte por sífilis ou infecções graves não tratadas.
Muitas vezes, a dor da injeção é pequena se comparada à gravidade da doença que ela evita ou trata.
A bezentazil é um daqueles remédios que todo mundo teme, mas que merece respeito. Ela dói, sim e com razão: sua formulação e forma de aplicação tornam esse desconforto quase inevitável. Mas é graças a essa dor passageira que milhões de pessoas conseguem se livrar de infecções perigosas com apenas uma dose.
Portanto, se um dia você ouvir do médico que vai “tomar uma bezentazil”, respire fundo, relaxe os músculos, e pense que em poucos minutos vai estar protegido por semanas. Às vezes, um pouco de dor vale muito a pena.