O câncer de pele é o tipo de câncer mais comum no Brasil e no mundo, superando, inclusive, o número de casos de câncer de mama, próstata e pulmão. Apesar de sua alta incidência, é também um dos mais preveníveis e tratáveis desde que diagnosticado precocemente. No entanto, a desinformação, o descuido com a proteção solar e a banalização dos sinais de alerta tornam essa doença um inimigo silencioso que pode trazer consequências graves.
O que é o câncer de pele?
O câncer de pele ocorre quando há um crescimento anormal e descontrolado das células da pele. Existem basicamente três tipos principais:
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Carcinoma basocelular (CBC): É o tipo mais comum e menos agressivo. Cresce lentamente e raramente se espalha para outras partes do corpo. Surge, geralmente, em áreas expostas ao sol, como rosto, orelhas, pescoço e ombros.
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Carcinoma espinocelular (CEC): Também aparece com frequência em áreas expostas à radiação solar, mas tende a crescer mais rapidamente que o CBC e, se não tratado, pode se espalhar para outros órgãos.
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Melanoma: É o tipo mais agressivo de câncer de pele. Apesar de representar apenas cerca de 3% dos casos, é responsável pela maioria das mortes relacionadas à doença. Pode surgir em qualquer parte do corpo, inclusive em locais menos expostos ao sol, como as plantas dos pés, palma das mãos e sob as unhas.
Principais fatores de risco
A principal causa do câncer de pele é a exposição excessiva à radiação ultravioleta (UV), emitida principalmente pelo sol e também por câmaras de bronzeamento artificial. No entanto, existem outros fatores que aumentam o risco de desenvolvimento da doença:
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Ter pele, olhos e cabelos claros;
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Histórico familiar ou pessoal de câncer de pele;
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Presença de muitas pintas ou sinais;
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Imunossupressão (em pacientes transplantados, por exemplo);
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Queimaduras solares frequentes durante a infância e adolescência.
É importante entender que o dano solar é acumulativo. Isso significa que os efeitos da exposição ao sol ao longo da vida se somam, mesmo que em pequenas quantidades. Aquela exposição “inofensiva” durante alguns minutos todos os dias, sem protetor solar, pode se transformar em um problema sério no futuro.
Como identificar?
Uma das formas mais eficazes de detectar o câncer de pele precocemente é prestar atenção a qualquer alteração na pele. Isso inclui:
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Feridas que não cicatrizam;
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Manchas avermelhadas que coçam ou sangram;
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Lesões elevadas e brilhantes;
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Pintas que mudam de cor, forma ou tamanho;
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Sinais assimétricos, com bordas irregulares e cores variadas.
A regra do ABCDE ajuda a avaliar sinais suspeitos:
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A – Assimetria: uma metade diferente da outra;
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B – Bordas irregulares: contornos mal definidos;
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C – Cor: presença de várias tonalidades;
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D – Diâmetro: maior que 6 mm;
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E – Evolução: mudança de aspecto ao longo do tempo.
Qualquer uma dessas características é motivo suficiente para procurar um dermatologista.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico do câncer de pele é feito por meio de avaliação clínica e, em casos suspeitos, com biópsia da lesão. O tratamento varia conforme o tipo e o estágio da doença, mas as opções mais comuns incluem:
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Cirurgia: retirada da lesão com margem de segurança;
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Crioterapia: congelamento da lesão com nitrogênio líquido;
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Radioterapia e quimioterapia: utilizadas em casos mais avançados ou quando não é possível a remoção cirúrgica;
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Imunoterapia e terapias-alvo: especialmente para casos de melanoma metastático.
Quando detectado no início, o câncer de pele tem altos índices de cura. Por isso, a conscientização e a vigilância são tão importantes.
A importância da prevenção
A prevenção do câncer de pele começa com atitudes simples, mas fundamentais:
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Usar protetor solar diariamente, com fator de proteção (FPS) de no mínimo 30;
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Reaplicar o protetor a cada 2 horas ou após contato com água ou suor;
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Evitar a exposição solar entre 10h e 16h;
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Usar chapéus, óculos escuros e roupas com proteção UV;
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Não utilizar câmaras de bronzeamento artificial;
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Fazer o autoexame da pele regularmente;
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Visitar o dermatologista pelo menos uma vez ao ano, ou sempre que houver suspeita de lesões.
Essas ações são especialmente importantes para quem trabalha ao ar livre, pratica esportes sob o sol ou vive em regiões com alta radiação solar.
Um olhar sobre o futuro
Campanhas como o Dezembro Laranja, promovidas pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, têm tido papel fundamental na conscientização da população sobre os perigos da exposição solar sem proteção. Ainda assim, muitos brasileiros não levam o risco a sério.
Com o aumento das temperaturas globais e a maior incidência de radiação UV, a tendência é que os casos de câncer de pele continuem crescendo, se medidas preventivas não forem adotadas de forma ampla. O acesso à informação, o incentivo à proteção solar e o diagnóstico precoce são as melhores armas para combater essa doença silenciosa.
O câncer de pele pode ser invisível por muito tempo, mas quando se manifesta, pode causar consequências devastadora físicas e emocionais. Felizmente, com atitudes simples no dia a dia, é possível evitar grande parte dos casos.
A pele é o maior órgão do corpo humano e o único que está diretamente exposto aos fatores ambientais. Cuidar dela não é vaidade, é uma questão de saúde. Portanto, da próxima vez que sair de casa, não se esqueça: leve o protetor solar com você. Sua pele, no futuro, vai agradecer.