O que a Dengue faz no seu corpo

A dengue é uma doença viral transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, e apesar de ser comum em países tropicais como o Brasil, muitas pessoas não sabem exatamente o que ela causa dentro do nosso corpo. Você já se perguntou por que ela dá tanta febre, dor no corpo e, em casos graves, pode até levar à morte? Neste artigo, vamos explicar, em detalhes, o que acontece com o organismo humano quando é infectado pelo vírus da dengue.

O Início da Infecção: A Entrada do Vírus

Tudo começa com a picada de um mosquito infectado. O Aedes aegypti transmite o vírus da dengue ao picar uma pessoa para se alimentar de sangue. Existem quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), e uma pessoa pode ser infectada por cada um deles ao longo da vida.

Quando o vírus entra no organismo, ele se aloja nas células do sistema imunológico, especialmente nos macrófagos, células responsáveis por identificar e destruir agentes invasores. No entanto, o vírus da dengue é “esperto”: ele usa essas mesmas células para se multiplicar, enganando o sistema imune. Em poucos dias, o vírus se espalha por todo o corpo através da corrente sanguínea.

A Fase Febril: Primeiros Sinais e Sintomas

O período de incubação pode variar entre 4 a 10 dias após a picada. Depois disso, surgem os sintomas mais clássicos da dengue: febre alta (geralmente acima de 39ºC), dor intensa no corpo, dor de cabeça (especialmente atrás dos olhos), cansaço extremo, náuseas e manchas vermelhas na pele.

Esses sintomas refletem a resposta do organismo à infecção viral. O corpo começa a produzir substâncias inflamatórias como citocinas e interferons, uma tentativa do sistema imunológico de combater o vírus. O problema é que essas substâncias causam inflamação em todo o corpo, o que leva ao mal-estar generalizado.

A dor muscular intensa, que faz muitos chamarem a doença de “febre quebra-ossos”, vem dessa inflamação e do ataque às células musculares. Já as manchas vermelhas são causadas por alterações nos vasos sanguíneos e pela fragilidade capilar.

Efeitos no Sangue e Vasos: Um Alerta para Casos Graves

A dengue afeta diretamente a coagulação do sangue e a permeabilidade dos vasos sanguíneos. O vírus e a resposta inflamatória danificam o revestimento interno dos vasos, permitindo que o plasma sanguíneo, a parte líquida do sangue vaze para os tecidos ao redor. Isso pode causar inchaço (edema), queda da pressão arterial e, em casos graves, levar ao choque hemorrágico.

Outro efeito perigoso é a diminuição das plaquetas, células fundamentais para a coagulação. A dengue interfere na produção de plaquetas na medula óssea e aumenta sua destruição. Com menos plaquetas, o risco de sangramentos, como sangramentos nas gengivas, nariz, urina ou intestinos aumenta consideravelmente. É por isso que a dengue pode ser fatal se não for acompanhada de perto, principalmente nos casos chamados de dengue grave ou dengue hemorrágica.

Fase Crítica: Quando a Situação Piora

A fase crítica geralmente ocorre entre o terceiro e o sétimo dia da doença, quando a febre começa a ceder. Muitas pessoas acham que estão melhorando, mas é justamente nesse momento que o risco de complicações aumenta.

A redução da febre pode vir acompanhada de queda de pressão, sangramentos internos, acúmulo de líquidos nos pulmões (derrame pleural) e no abdômen (ascite), além de risco de choque circulatório quando os órgãos deixam de receber sangue suficiente. Nessa fase, a pessoa precisa de hidratação rigorosa e, às vezes, internação hospitalar.

Resposta do Sistema Imunológico: Amigo e Inimigo

A resposta imunológica é essencial para combater o vírus, mas também pode causar danos. O corpo libera anticorpos para tentar neutralizar o vírus, mas, nos casos em que a pessoa é infectada por um segundo sorotipo diferente, pode ocorrer um fenômeno chamado “amplificação dependente de anticorpos”. Isso significa que os anticorpos da infecção anterior podem facilitar a entrada do novo vírus nas células, piorando a infecção e aumentando o risco de dengue grave.

Além disso, a resposta inflamatória excessiva pode levar a uma condição chamada “tempestade de citocinas”, na qual o organismo entra em um estado de inflamação descontrolada, danificando tecidos e órgãos.

Recuperação: Um Processo Lento e Gradual

Após a fase crítica, se não houver complicações, o paciente entra na fase de recuperação. Os líquidos reabsorvidos retornam à circulação e a produção de plaquetas se normaliza. No entanto, o cansaço pode durar semanas, e algumas pessoas relatam dificuldade para retomar suas atividades normais, especialmente se a infecção foi severa.

Durante esse período, o repouso, a hidratação e a alimentação leve são fundamentais. A dengue não tem um tratamento específico, o foco é aliviar os sintomas e monitorar sinais de alerta.

Prevenção é o Melhor Remédio

Entender como a dengue age no corpo ajuda a perceber a gravidade da doença. Mesmo os casos mais leves podem ser extremamente debilitantes, e os casos graves exigem atenção médica imediata. Por isso, a prevenção continua sendo a melhor arma contra a dengue.

Evitar água parada, usar repelente e proteger janelas com telas são medidas simples que fazem uma enorme diferença. O combate ao mosquito é uma responsabilidade de todos. Afinal, além do desconforto individual, a dengue representa um problema de saúde pública que afeta milhões de pessoas todos os anos.

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